Friday, 15 January 2016

Adeus, avó! | Goodbye, granny!

Esta semana demos o nosso último adeus à avó Cila.

Não era nossa avó de sangue, mas sim de coração, o que não lhe tira nada.

Como todas as partidas, deixa um grande vazio, uma grande saudade.

E a saudade dói. É um sentimento com dois lados. Por um, faz-nos recordar boas memórias, por outro, sabemos que são momentos que já passaram e que não se vão repetir.

Mas ainda bem que sentimos saudades dos que partem. É sinal que os amamos, que vivemos bons momentos com eles, que fomos felizes juntos!

Assim, ficam as memórias.

E posso-me lembrar de como nos entrançavas o cabelo. Era sempre a menina mais bem arranjada no ballet!

Como me preparavas pipocas e sumo de laranja para eu lanchar enquanto via o Dragon Ball, depois da escola.

Das histórias da tua infância que nos contavas. Que menina tão travessa que eras!

Da paciência que tinhas para nos dar de comer. Fazias desenhos, brincavas com as pinipons, contavas histórias…

De nos cozinhares as nossas refeições favoritas: bifinhos com natas e cogumelos para mim e com molho de limão para a mana.

De nos ires buscar à escola e quereres sempre genuinamente saber do nosso dia.

De desdramatizares as nossas bulhas de irmãs: “Quando o sangue chegar à cozinha, eu chamo a ambulância!” E lá acabava a bulha porque te achávamos graça (às vezes, vá…).

De gostares de bonecas tanto ou mais que nós!

Dos vestidos a condizer que nos fazias.

De tudo o que nos ensinaste, brincaste e amaste!

Obrigada, avó Cila! Por isto e por muito mais!

Nunca me hei de esquecer de uma vez que te pus triste. Devia ter um 6/7 anos e à saída da escola um colega perguntou-me quem eras. Eu hesitei e respondi que eras a nossa empregada. Arrependi-me assim que as palavras me saíram da boca. Não disseste nada, mas percebi que te tinha magoado. Foste sempre nossa avó, em bebés, crianças e adultas.

E fico grata que ainda tenhas conhecido o bisneto mais novo. Que o Afonsinho tenha estado no teu colo, tal como nós estivemos!

Até sempre!


This week we gave our last goodbye to our granny Cila.

She wasn’t our grandmother by blood, but from the heart, which doesn’t take away anything.

Like all losses, it leaves a great void, a great longing.

And the nostalgia hurts. It's a feeling with both sides. For one, reminds us of good memories, on the other, we know these are moments that have passed and that won’t be repeated.

But it’s a good thing that we miss the departed. It is a sign that we loved them, we lived good times with them, we were happy together!

So, the memories are what remains.

And I can remind me of how you braided our hair. I was always the better combed girl in ballet!

How you made me popcorn and orange juice as a snack while watching Dragon Ball after school.

The stories of your childhood that you told us. You were such a naughty girl!

The patience you had to feed us. You'd make drawings, play with pinipons, tell stories...

How you cooked our favorite meals: turkey steaks with cream and mushrooms for me and lemon sauce for sis.

How you’d pick us at school and always genuinely wanting to know about our day.

How you dealt with our fights: "When the blood reaches the kitchen, I’ll call the ambulance" And the fight was over, because we found you funny (sometimes...).

How you liked dolls as much or more than we did!

The matching dresses you made for us.

All that you taught us, played and loved!

Thank you, granny Cila! For this and much more!

I will never forget one time I put you down. I was 6/7 years old and when leaving school a classmate asked me who you were. I hesitated and said you were our housekeeper. I regretted as soon as the words left my mouth. You didn’t say anything, but I realized I‘d hurt you. You were always our grandmother in infants, children and adults.


And I'm grateful that you've also known your newest great-grandchild. And that you held Afonso in your arms, as you did with us!

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